Durante o processo de envelhecimento, o indivíduo enfrenta diversas transformações físicas, mentais, sociais e tem que estar sempre se adaptando as “novas realidades”, buscando ter uma velhice digna, com o máximo de qualidade de vida possível.
Junto a esses desafios do envelhecimento, surgem novas formas de tratamentos, coadjuvantes do tratamento médico, que inseridos em uma equipe multidisciplinar objetivam tratar o idoso em sua totalidade, unindo a estrutura física e mental.
A musicoterapia atua na área da geriatria e gerontologia e vem sendo utilizada em instituições públicas e privadas, atuando na prevenção das doenças do envelhecimento não só pelo reconhecido poder terapêutico da música, mas também pelos resultados positivos dos estudos investigativos da neurociência da música.
A música transcende o tempo e permanece entre as diferentes culturas e gerações dando sentido a momentos e épocas acompanhando o processo de envelhecimento.
Segundo Souza (2002), o tratamento musicoterapêutico utiliza a ampla capacidade de estimulação que possui o som e a música, atuando em múltiplos circuitos neocorticais. Os estímulos musicais possuem grande poder de penetração em ambos os hemisférios cerebrais, notadamente nas regiões que compõem o sistema límbico.
O tratamento musicoterapêutico voltado para a velhice abrange a área preventiva, os processos demenciais e o idoso com seqüelas de doenças. A musicoterapia vem alcançando níveis de tratamento e abordagens diferentes para cada tipo de patologia.
Souza (2002), nos mostra a abordagem musicoterapêutica sendo aplicada nas doenças no envelhecimento. Por exemplo: Na doença de Alzheimer com o uso da linguagem musical, o idoso é estimulado em suas conexões mais profundas, alcançando níveis da memória da mais arcaica para a mais recente, apresentando um sentimento de prazer por ter recuperado algo que, até então, estava supostamente perdido. A memória reativada pela música é o momento em que o idoso pode reviver passagens significantes de sua vida, resgatando sua identidade.
Com os pacientes com Parkinson que progressivamente vão perdendo o controle de seus movimentos, surgindo as dificuldades de comunicação, coordenação e expressão. A musicoterapia busca controlar os sintomas utilizando técnicas que promovem o controle rítmico do corpo, atuando nos movimentos, na deambulação e na fala. A música neste caso age como estímulo para se obter respostas motoras e emocionais do paciente.
Em relação a pacientes com seqüelas de acidente vascular cerebral (AVC), a música pode ajudar na estimulação da sensopercepção, na adequação rítmica da marcha, nas expressões rítmicas corporais, verbais e não verbais como gestos, expressões faciais entre outros. Através das conquistas adquiridas durante as sessões de musicoterapia e da integração grupal, o idoso tem sua auto-estima elevada e consequentemente a diminuição do quadro depressivo.
Como podemos ver, a musicoterapia aplicada na velhice é um campo fértil de buscas, descobertas e possibilidades. Com ela o idoso tem espaço para se expressar, para produzir e ver que esta fase da vida pode ser explorada de forma rica e criativa e que as músicas que fizeram parte de sua vida agora são suas aliadas na busca de seu bem-estar.
Referências:
SOUZA, Márcia.G.C. Musicoterapia e a clínica do envelhecimento. In: Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 2002.
Marques, Daiane Pazzini. A Contribuição da Musicoterapia na Velhice. Disponível em http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/artigos/artigo1697.htm. Acesso em 22 mar. 2011.
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